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Castro Alves, o "poeta dos escravos".


Há muito tempo que ouvia falar de Castro Alves, mas nunca li sobre sua história ou prestei muita atenção em sua obra apesar de saber sobre seu interesse na abolição da escravatura, evidente em parte de seus escritos. De uns anos para cá vi pelas internets algo sobre o Dia Nacional da Poesia, dia 14 de março, fui ler mais a respeito o porquê de escolherem essa data e descobri que é o dia do nascimento do "poeta dos escravos"

Antônio Frederico de Castro Alves nascia em 14 de março de 1847 e não vou aqui escrever sua biografia, pois o google está pipocando de sites sobre a vida do poeta. Quando comecei a ler mais sobre a história dele e algumas poesias avulsas, fui me apaixonando. 
Castro Alves morreu com 24 anos. VINTE E QUATRO ANOS! E olha só tudo o que ele escreveu em 7 anos:
Mas, no dia 9 de novembro de 1864, ao toque da meia-noite, na sotéia em que morava, o poeta, que sem dúvida se balançava na rede, fumando muito, sentiu doer-lhe o peito, e um pressentimento sinistro passou-lhe na alma. Pela primeira vez ia beber inspiração nas fontes da grande poesia: essa a importância do poema "Mocidade e Morte" na obra de Castro Alves(...) Não era mais o menino que brincava de poesia, era já o poeta-condor, que iniciava os seus vôos nos céus da verdadeira poesia. 
Estou lendo "Espumas Flutuantes" e as poesias contem referência a personagens e acontecimentos de várias épocas da história mundial, da mitologia, palavras rebuscadas. 
Não vou falar sobre a estrutura e qualidade das poesias em si pois não sou expert do assunto. Mas como alguém que gosta de gênero devo dizer que muitas vezes fico embasbacada com as pérolas que leio e aí penso que ele, mais novo que eu, escreveu tudo isso denotando amplo conhecimento, grande cultura e paixão. 


Alguns trechos:
Mas ai! Que a treva interna — a dúvida constante —
Deixaste assoberbar-me em funda escuridão! ...
E uma Voz respondeu nas sombras triunfante:
"Acende, ó Viajor! a Fé no coração!..." (Pelas Sombras)

Do céu azul na profundeza escura
Brilhava a estrela, como um fruto louro,
E qual a foice, que no chão fulgura,
Mostrava a lua o semicirc'lo d'ouro,
Do céu azul na profundeza escura. (Murmúrios da Tarde)

Morrer... quando este mundo é um paraíso,
E a alma um cisne de douradas plumas:
Não! o seio da amante é um lago virgem...
Quero boiar à tona das espumas.
Vem! formosa mulher — camélia pálida,
Que banharam de pranto as alvoradas.
Minh'alma é a borboleta, que espaneja
O pó das asas lúcidas, douradas...
E a mesma voz repete-me terrível,
Com gargalhar sarcástico: — impossível!
Eu sinto em mim o borbulhar do gênio.
Vejo além um futuro radiante:
Avante! — brada-me o talento n'alma (Mocidade e Morte)

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